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1 ano de Crossways

  • Foto do escritor: Paula Rodrigues
    Paula Rodrigues
  • 23 de jul. de 2019
  • 5 min de leitura

Parecia lenda urbana que eu voltaria a escrever por aqui. Agora é férias de verão na Europa e eu sinto que necessito fazer um balanço do meu primeiro ano de Crossways, até porque meus primeiros posts foram justamente contando como eu acabei entrando nesse programa.


Só para recapitular para quem está aqui pela primeira vez, eu faço um mestrado do Erasmus Mundus chamado Crossways in Cultural Narratives, financiado pela Comissão Europeia. Um dos pontos centrais desses mestrados Erasmus é justamente a locomoção entre universidades, e quem faz parte desses programas, acaba por fazer o curso em duas ou mais universidades. Iniciei o curso em setembro do ano passado na Universidade Nova de Lisboa (Portugal) e no momento estou passando o ano na Universidade de Sheffield (Inglaterra); ano que vem me mudo para a Itália para o último semestre na Universidade de Bergamo.


Como eu provavelmente disse nos posts anteriores, esse curso é lindo justamente por esta jornada entre países e pelo fato de que nós, alunos, vamos nos encontrando e desencontrando pelo caminho e aprendendo tanto sobre culturas diferentes e como nos construir e reconstruir em cada um desses lugares. E nem estou falando do aprendizado acadêmico (que, aliás, sinto que preciso falar um pouco mais no futuro), mas de aprendizado para a vida mesmo. O meu primeiro ano de Crossways foi uma montanha russa de emoções, e talvez eu deva começar explicando o que pessoalmente o programa foi para mim nessa primeira metade.


Então que iniciei meu período letivo em Lisboa; ensaiei escrever sobre o meu semestre lá muitas vezes, mas sentia que seria redundante, já que mostrava o que Lisboa significava para mim diariamente para todos ao meu redor. Acho que não é novidade para ninguém que me conhece que eu amo a capital portuguesa. Já fiz intercâmbio em Londres e Roma e morei em Dublin, e posso dizer que diante de todas as minhas vivências morando fora do Brasil, foi em Lisboa que eu tive a melhor experiência. Talvez, para entender porque eu me senti tão bem em Lisboa, possamos colocar a saudade que eu sentia do Brasil na balança; me sentia sortuda pelo Crossways estar me proporcionando aquilo e muito colaborou: morei numa casa que eu amava, conheci pessoas que foram muito especiais para mim, adorava as disciplinas da universidade e tinha uma cidade extremamente pulsante na qual viver tudo isso. Para além de tudo, como era o primeiro semestre e eu ainda não tinha tantos prazos cruciais, pude ficar mais tranquila e realmente “enjoy the ride”.


Uma polaroid "levemente" desfocada do Natal em Lisboa.

Mas janeiro chegou e com ele as despedidas. Fui eu que escolhi a Inglaterra para ser o país onde passaria mais tempo, mas quando chegou a hora de partir, confesso que questionei fortemente a minha decisão de passar um ano num lugar tão frio. Eu certamente não esperava ter me apaixonado tanto por Lisboa e acho que esse foi o meu primeiro desafio do Crossways - saber me desapegar de um lugar e me abrir para outro. Sabia que me mudar constantemente me causaria saudades intermináveis, mas achava que por já ter me mudado antes, seria mais fácil e que eu era feita para aquilo. Não foi. Creio que por mais lindo que seja ser absolutamente livre, o ser humano precisa do pertencimento para se sentir bem – e me mudar tanto (Brasil --> Dublin --> Lisboa --> Inglaterra) finalmente começou a ter um custo para mim.

Sheffield no dia que cheguei.

Deixei família no Brasil e amigos em todos os lugares que passei, então quando tive que reconstruir tudo do zero em Sheffield, de novo, eu não era exatamente a pessoa mais feliz do mundo. Claro que isso diz respeito às minhas subjetividades e não à Inglaterra em si: desde o momento que cheguei, as pessoas na universidade foram as mais receptivas e eu vi que teria todo o suporte para qualquer coisa. A Uni de Sheffield é excelente: está entre as melhores do mundo e eu me sinto muito grata por estudar lá e estar podendo desenvolver minha pesquisa com pessoas que levam isso muito a sério. Também encontrei flatmates maravilhosos, mas acho que toda a minha melancolia inicial afetou muito a minha entrega à experiência no primeiro momento.


A ideia de estudar em várias universidades era maravilhosa - e é maravilhosa - mas há o lado humano e subjetivo da equação, e ele não pode ser esquecido. Meus primeiros meses na Inglaterra foram difíceis, e eu precisei trabalhar muito comigo mesma para entender que o que eu sentia era o lado não tão doce de ser "do mundo", e que cada lugar tinha algo para me ensinar e pessoas novas para serem parte da minha vida. Eu tinha que me abrir para a Inglaterra se eu quisesse fazer aquela experiência valer e essa foi uma tarefa que levou algum tempo. Já ouviram falar do "não-lugar"? É uma sensação de pertencer à muitos lugares e ao mesmo tempo a nenhum - eu me sinto toda e profundamente no "não-lugar".


Me sentindo a Celine de "Before Sunrise" em Vienna.

Mas abril chegou e com ele o "Spring break", que é basicamente um mês de férias durante a primavera. Passei abril viajando e foi num mochilão que fiz durante esse período que eu finalmente me senti bem. Conheci muitos lugares lindos e muitas pessoas legais! Passar um mês mochilando me fez perceber que a vida é rotatória e que a gente tem que viver as coisas no momento em que elas estão acontecendo. Parece filosofia barata de coaching, hahah, mas eu juro que foi vivendo um monte de momentos legais nessa viagem que eu vi que ainda teria muitas experiências lindas como as de Lisboa e que certamente a Inglaterra tinha muitas oportunidades legais que eu estava ignorando. Além do mais, não estar exultante o tempo todo também faz parte da vida.


Voltei em maio com muitos trabalhos para entregar e a minha pesquisa de dissertação para apresentar. Durante esse mês, estudei e escrevi muito e me entreguei completamente à vida na Universidade, o que me fez muito feliz. Me aproximei mais dos meus colegas e vi que na verdade eu ainda sou muito sortuda, afinal, eu moro na terra dos Smiths, do Oasis, do Arctic Monkeys e dos Beatles! (sem falar de um monte de escritores que eu amo) Nesse mês, também estava mais quentinho, e eu pude olhar Sheffield, a cidade cinza e industrial que eu primeiro odiei, com melhores olhos. Terminei o semestre satisfeita e achando que o próximo será melhor.


Liverpool

Decidi não passar o verão na Inglaterra, mas em setembro estou lá de novo, para iniciar o segundo ano do Crossways. Sei que este semestre será mais puxado – tenho metade da dissertação para escrever! – mas estou positiva. Espero escrever outro post sobre os aspectos mais acadêmicos do mestrado e o tanto que aprendi a refletir sobre tantas coisas que antes para mim eram só conceitos. Mas enfim, isso é para outro post. Xoxo*.


*ando assistindo muito Gossip Girl, sorry.

 
 
 

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